Tuesday, September 23, 2008

ano após ano se repete a procissão do dia europeu sem carros. tudo estaria bem, no dia europeu sem carros, se não estivesse tudo mal.

para lá da poluição, do conforto, da rapidez de usar o carro está aquilo que apenas ao de leve se fala quando se comenta este dia: o estatuto que o carro nos dá. quanto maior, de preferência um daqueles jipes enoooooooormes, melhor. de preferência que seja comprido e alto para que seja mais fácil estacionar (?) e levar a mulher ao emprego e deixar os filhos no infantário.

a não utilização da bicicleta ou dos transportes públicos deve-se mais a construções sociais do que à dificuldade de pedalar em lisboa ou à falta de autocarros. em vez de se tentar explicar às pessoas o quão poluente é andar de carro, talvez se devesse explicar o quão inútil é comprar um porsche cayenne, um range rover, ou um bmw x5. fechar ruas e impossibilitar pessoas de entrar na cidade é que não resolve nada.

5 comments:

leo said...

Tudo bem para os que se podem dar ao luxo de comprar um carro para o show off.

Mas a maior parte das pessoas nao compra um carro para o show off e sim pelas duas outras razoes:
- Lisboa é uma cidade em colinas e sem vias cicláveis.
- Os transportes públicos nao sao confiáveis, a nao ser que vivas na linha do metro.

bjs,leo

andré said...

mas a maior parte das pessoas não compra um carro para o show off? já não digo que ande toda a gente a comprar bmw e mercedes, mas claramente há uma procura por carros melhores (maiores, mais potentes e mais poluentes) do que a carteira pode pagar. e nisso o crédito pessoal ajuda imenso.

lisboa é uma cidade de colinas mas entre o saldanha e o lumiar não sobes nem desces.

a falta de vias para bicicletas é mais uma vez a prova de que o dia é inócuo. fecha-se a cidade às pessoas mas não se oferecem alternativas. os transportes públicos são também a prova disso (embora eu não tenha a mínima razão de queixa dos transportes em lisboa, e quem se queixa deles talvez se devesse deslocar à "província").

Luna said...

sou a favor das ciclovias que subiriam ate 'a brasileira no chiado e das que desceriam a avenida da liberdade ate ao cinema s.jorge, das que acompanhariam a marginal e das que atravessariam o rio, das que nos levariam ao zoo e das que rumariam para fora da cidade, das que nos afastam do tecnico e das que nos aproximam do guincho, das que nos dão pasteis de belém e das que cheiram a sardinha assada do castelo.

ciclovias, ciclovias!

e também sou a favor do meu lupo, o meu lamborguini mais que tudo. =D

Anonymous said...

É tudo uma questão de atitude, porque lisboa sempre teve colinas, mas nem sempre teve carros.
Não se esqueçam que há em Portugal muitas cidades, vilas e aldeias planas e cadê as bicicletas, ou até mesmo andar a pé,primeiro anda-se de carro depois fazem-se caminhadas, porque faz bem à linha.
Não entendo...
Tenho a certeza que ter carro, principalmente alguns carros, faz parte do um grupo social de gajos que ou não os compram, ou não os pagam "Os Impostos"...
Bom já me estiquei mas começo a ficar farta de tanta lamuria.

leo said...

Tudo bem, se calhar ha pessoas que compram carro para o show off. Mas a maior parte das pessoas que compra um carro é porque precisa dele, porque vive longe, porque nao pode pagar cas mais perto, porque os transportes nao sao confiaveis e porque nao se podem dar ao luxo de chegar ao trabalho uma hora atrasados depois de, como tu dizes, terem deixado a mulher (ou o marido) no trabalho e os filhos no infantario. E claro que recorrem ao crédito pessoal porque de outra maneira nao da.

Tudo bem que ha falta de vontade, mas nao se pode esperar tanta vontade assim das pessoas quando quem mais devia fazer por isso (a camara municipal, porque nao o estado) continua a construir tuneis e viadutos e colombos.