de toda a poesia que li para a disciplina de português só me ficaram duas coisas: cesário verde e luiz de camões. cesário verde porque foi a única poesia que alguma vez consegui "perceber". luiz de camões por perceber que por muito que tentasse, perceber os lusíadas não era para mim, e que tudo que ali estava, tudo o que aquilo queria dizer, os significados, toda a subliminaridade, todas as alegorias, todo o engenho de enganar a inquisição nunca seria por mim entendido, quer eu ficasse chateado com isso quer não. como não sou de me chatear, isso nunca me chateou.
mesmo assim, dos lusíadas guardo os únicos versos que sei de "cor" (nem mesmo os do antónio gedeão eu sei de cor):
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Mas um velho de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do esperto peito:
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-"Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama!
Ó fraudulento gosto que se atiça
Cua aura popular que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldade neles experimentas!
3 comments:
Tb é a minha parte preferida! Nao sei de cor, infelizmente. Se soubesse, imagino que me daria prazer, numa sala de espera ou num aeroporto, recitá-lo na cabeca.
Mas e o Pessoa? E o comboio descendente que bate ritmo na língua? tch tch tch; tch tch tch
leo
eu sei de "cor", com várias aspas. :)
eu gosto muito da prosa do pessoa, do livro do desassossego, gostava do álvaro de campos pela razão que o meu tio diz: a aparente facilidade. aquilo aprecia-me fácil e eu gostava.
a poesia do pessoa sempre foi demasiado à frente pra mim.
epa, digo-te que este foi o post mais inesperado que li neste blog.
ao fim de um ano ainda me surpreendo com a qualidade deste blogue
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